“Desde 21 de janeiro deste ano que Guimarães é capital europeia da cultura. Até ao final do ano, um vasto programa cultural anima esta cidade minhota que tem também para mostrar um dos mais belos centros históricos portugueses, classificado pela UNESCO. Uma cidade que se abre ao futuro sem renegar as suas origens medievais.”
A origem de Guimarães remonta a uma villa, então designada Vimaranes, que se julga ser o genitivo do nome pessoal de origem germânica Vimara ou Guimara, o qual seria um dos donos desta terra. Com o passar dos séculos, a palavra foi evoluindo para Guimarães por via do Latim. No entanto, ainda hoje os habitantes de Guimarães são designados por "Vimaranenses". Habitualmente designada por Berço da Nacionalidade, a cidade de Guimarães possui características ímpares que a distinguem de outras cidades portuguesas e a colocam num lugar de relevo na História de Portugal. É uma região cheia de tradições, monumentos, lendas, artesanato, gastronomia e com espaços de beleza natural que testemunham a sua grandeza ao longo dos séculos.
O Serviço Educativo da Câmara Municipal de Guimarães tem como missão tornar o Paço dos Duques de Bragança / Castelo de Guimarães espaços abertos à comunidade onde a descoberta dos espaços museológicos se torne um desafio às aprendizagens. Para tal, desenvolve um conjunto de atividades pedagógicas e culturais direcionadas às várias faixas etárias com um atendimento especializado. Os objetivos deste serviço são: divulgar os núcleos museológicos que se encontram nestes espaços e as suas coleções de alto valor histórico e patrimonial; fomentar o gosto pelo património, pela sua valorização e sua preservação; criar experiências sociais e culturais tendo em vista a criação de novos públicos para os museus e contribuir para o conhecimento dos monumentos nacionais.
Segundo a organização: “O Castelo em 3 Atos: Assalto, Destruição, Reconstrução, é um projeto multifacetado que utiliza a ideia de Castelo como poderosa metáfora que agarra as grandes questões contemporâneas. Pertinentemente, o Castelo é também o símbolo mais forte de Guimarães. Por isso, permite, simultaneamente, não escamotear uma realidade da cidade e serve de pretexto para introduzir temas que agitam o nosso tempo. O Castelo é assim passado e futuro, raiz e utopia, origem e destino, fortaleza e palácio, unidade e diversidade. No imaginário nacional, o Castelo de Guimarães corresponde ao mito da origem, pelo menos da origem da nacionalidade. Questionar todas estas flutuações num momento em que Guimarães é Capital Europeia da Cultura e o destino da Europa se encontra mais aberto e indefinido do que nunca, é não só oportuno como indispensável. O projeto utiliza vários dispositivos visuais e semânticos para explorar o problema que enuncia, encomendados especificamente para o efeito: Artes Visuais, Cinema, Literatura, Arquitetura, Design, Cozinha e naturalmente Pensamento através de duas grandes Conferências Internacionais sobre o Futuro da Europa e sobre o Futuro do Mundo numa Europa sem Futuro (à vista) ”.
O projeto da Escola de Silvares “A Nossa identidade”, que se inscreve numa perspetiva histórica/cultural de valores e atitudes, é um documento que confere a este estabelecimento de ensino uma personalidade e um cariz próprios e que contem em si o germe essencial que fornece a todos os elementos da Escola um vínculo de cidadania, tornando-os elementos civicamente responsáveis e culturalmente ativos. Como nos diz Piaget “o conhecimento não provém nem dos objetos, nem da criança, mas sim das interações entre as crianças e os objetos”. O “mundo” que nos rodeia é muito atrativo e suscita curiosidade nas crianças. Quando proporcionamos à criança a oportunidade de construir genuinamente o conhecimento através da ação, somos muitas vezes surpreendidos, sendo que os resultados superam quase sempre as nossas expetativas. Por este motivo dinamizamos um conjunto de atividades, sobre “A nossa identidade”, que passaram por um passeio pelo centro histórico de Guimarães, pela visita ao Castelo, Paço dos Duques, Parque da Cidade e por visitas ao Centro Cultural Vila Flor, onde as crianças tiveram oportunidade de interagir na oficina do azulejo e na atividade do “Nascimento”. Estas visitas de estudo tiveram um caráter educativo e lúdico.
A panificação destas atividades assentaram num trabalho conjunto entre o JI, o 1º Ciclo, a BE e a Câmara Municipal de Guimarães, e, teve como objetivo principal potenciar o desenvolvimento de capacidades que permitissem às crianças integrar-se no ambiente que as rodeia, tornando-as cidadãs do mundo, conhecendo e respeitando a sua identidade e as diferentes culturas. Ao partilhar a organização das mesmas, estabeleceram-se laços de conhecimento e partilha que foram a base do seu êxito. Considerar o centro histórico e cultural de Guimarães como recurso essencial na altura de planificar estas Visitas de Estudo foi de vital importância, uma vez que o meio promove determinadas ações e facilita a construção de atitudes e competências que promovem a socialização e favorecem a consolidação de múltiplas aprendizagens.
Segundo Houaiss, tradição “consiste na herança cultural, no legado das crenças e no conjunto de valores morais e espirituais transmitidos de uma geração para outra”-, o ato de um adulto dedicar certo tempo para relatar a uma criança histórias ou fazê-la participar de factos históricos já ocorridos é um estímulo ao desenvolvimento da cidadania, da afetividade e do respeito. Afinal, um indivíduo “sem histórias, da sua História” torna-se alguém vazio no futuro.
EB1/JI de Teixugueira – Silvares