“Apesar de, em Portugal, a educação pré-escolar não estar incluída na escolaridade obrigatória, ela constitui, atualmente, para além de um contexto privilegiado de socialização, um espaço formal de desenvolvimento onde a criança pode interagir com situações e vivências do seu quotidiano, facilitadoras de aprendizagens no domínio das ciências” (Ministério da Educação).
A sensibilização às ciências – integrada na área do conhecimento -, para além da ligação com o meio próximo envolvente, tenta abranger outros domínios do conhecimento humano, capazes de enquadrar e sistematizar a compreensão do mundo. Enquanto mediadores da ação cabe-nos o papel de criar situações que, promovam a curiosidade e o desejo de saber mais, desenvolvendo uma atitude cientifica e experimental que desperte o interesse das crianças e as ajude a interrogarem-se sobre a realidade, a colocar problemas, a procurar soluções e situações que estimulem a criatividade e a independência num ambiente seguro e cuidado. O papel do docente passa, também, pela promoção de atitudes constantes de procura-resposta e pela construção de um espaço destinado aos materiais e atividades relacionadas com as ciências, um espaço que ajuda a criança a passar do mundo da magia e do imprevisível, para o mundo dos fatos, informações e alegrias de verdadeira descoberta.
Através da observação e realização de experiências relacionadas com fenómenos da vida quotidiana, as crianças do J.I. de Silvares, interiorizaram de forma mais fácil e, por isso mesmo, mais significativa, noções científicas a partir dos quais foram conhecendo e compreendendo melhor as caraterísticas do inverno e da água.
Como elemento fundamental à vida, a água está presente na maioria das atividades do nosso dia-a-dia e fez parte de inúmeras experiências, situações de aprendizagens, de prazer e de brincadeiras, no J.I. de Silvares. A partir de situações do quotidiano as educadoras encontraram pontos de partida pertinentes para uma exploração mais sistematizada dos fenómenos que ocorrem à volta da água. Nas atividades foram explorados conteúdos relacionados com as caraterísticas da água; a sua importância; onde existe; hábitos diários da família no consumo da água… de forma a aprenderem a valorizarem a água e a utilizarem-na de forma adequada; os estados físicos da água; a dissolução de matérias em água; processos de separação de misturas; flutuação de objetos em água; e conservação do seu volume.
Assim, aprendemos que em água salgada o ovo flutua e que em água doce afunda; que o papel, se cair de uma torre não se parte mas na água desfaz-se; na água a maçã flutua e a batata afunda; que a pinha em meios húmidos fecha e em meios secos abre; que o gelo flutua na água líquida e que afunda no álcool etílico; que a água sem sal congela e que com sal não congela; que a passagem da água em estado sólido para líquido chama-se fusão, de líquido para sólido – solidificação -, de líquido para gasoso – vaporização - e de gasoso para líquido – condensação. Descobrimos ainda como se forma a chuva, como transformar água suja em água limpa e como construir um xilofone com copos de água.
“Assumindo-se que, em idade pré-escolar, as crianças estão predispostas para aprendizagens de ciências, coube-nos conceber e dinamizar atividades promotoras de literacia científica, com vista ao desenvolvimento de cidadãos mais competentes nas suas dimensões pessoal, interpessoal, social e profissional.
Fazer descobrir é o único método de ensinar.”
JI de Silvares, janeiro 2012